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Resort ou Restinga: a polêmica entre a preservação e a urbanização

Fernanda Pereira
(publicada em "O São Gonçalo", no dia 26 de julho de 2009)

Às margens da Lagoa de Maricá e meio a 500 hectares de Restinga, cerca de 100 famílias do bairro Zacarias garantem a sobrevivência através da tradicional pesca regional. Dessa atividade saem taiota, tainha, bagre, parati e robalo que abastecem mercados de vários pontos do estado. Mas para quem viveu ricos tempos de pescaria, o atual faturamento não parece satisfatório. A poluição causada pela urbanização, modificou a vida na laguna.

"Meu pai já vendeu três toneladas de peixe para Minas Gerais, hoje tiramos da pesca menos de um salário mínimo. Na praia da colônia de pescadores não tem poluição, porque vivemos dela e temos noção da nossa responsabilidade. Somos os principais fiscais. Mas em outros pontos da costa foram construídos condomínios que despejam esgoto na lagoa", relata o pescador César da Rocha Costa, de 46 anos.

Um decreto de 1984 transformou a Restinga de Maricá em Área de Preservação Ambiental (APA), mas um plano de manejo, em 2007, classificou a reserva como tipo de uso sustentável, permitindo a urbanização. As residências particulares não são as principais ameaças à vida simples dos pescadores. Um mega projeto imobiliário promete transformar o local em pólo urbano com intensa atividade turística.

A proposta de construção de um Resort Hotel, de um condomínio com capacidade para 50 mil pessoas e de uma marina para 1000 barcos foi acatada pelo então prefeito da cidade, Ricardo Queiroz. Em nota divulgada pela administração municipal, na época, foi anunciada a venda de 8 quilômetros de costa e alguns hectares de restinga para o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento, representante do grupo luso-espanhol responsável pelo empreendimento.

A decisão dividiu a opinião pública. De um lado, empresários, políticos e moradores visionários que argumentam sobre a importância econômica de um investimento de grande porte no município. Do outro, a Associação Comunitária de Cultura e Lazer dos Pescadores de Zacarias (ACCLAPEZ), ambientalistas e estudiosos, preocupados com o impacto ambiental. Esses últimos formaram o Movimento Pró-restinga, cujo principal objetivo é transformar a APA em Parque de Conservação Integral.

"Acreditamos que o plano de manejo foi o primeiro passo para a aprovação do projeto imobiliário, um desrespeito à constituição brasileira, que prevê a preservação integral em áreas com matas primárias. Logo depois, parte da área foi vendida ao grupo", acusa a professora de geografia Désirée Freire, membro do movimento.

A organização civil defende a criação de um parque ecológico, explorado apenas para pesquisas científicas e visita da população. O movimento exige, ainda, a permanência dos pescadores, que teriam sido ameaçados por seguranças do Instituto, em 2007, conforme os próprios relatam.

Nenhum projeto oficial foi apresentado ao atual prefeito, Washington Quaquá, até o momento. O Secretário Municipal de Meio Ambiente e Urbanização, Alan Novaes, disse que o governo aprova a construção do Resort, desde que fora dos limites da APA.

“Também é nosso anseio a criação do Parque Ecológico, mas para isso a prefeitura teria que desapropriar a área. O valor venal é de R$ 6 milhões e o município não tem esse dinheiro. Vamos pedir verba para a Secretaria do Estado do Ambiente".

Casa do pescador

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A atividade pesqueira precisa de outro incentivo. A falta de uma casa do pescador desorganiza os trabalhadores, que têm sua sede em conjunto com pescadores de Itaipu, Niterói.

"Tenho feito reuniões com representantes do Ministério da Pesca para conseguir a construção de uma cooperativa. Poderemos vender diretamente no mercado, excluindo o intermédio do atravessador. A renda de cada pescador vai subir de R$ 120 para mais de R$ 500", explica o presidente da associação, Vilson Correira.

Denúncia

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A mata da restinga, a mais utilizada em pesquisas científicas do país, possui espécies endêmicas (que só existem no local) e outras em extinção. Mesmo com o decreto que a transformou em Área de Preservação Ambiental, é possível encontrar dejetos poluentes.

O local também tem sido utilizado por criminosos como desmanche de carros. Dois veículos, aparentemente da marca Palio, foram encontrados meio à vegetação. Segundo uma moradora que não quis se identificar, um grupo leva veículos novos com freqüência para o local. Depois de retirar as peças, eles põem fogo na carcaça para não deixar provas.

O tenente coronel Maurício dos Santos, comandante do 12º BPM, responsável pelo policiamento da área, informou que vai localizar esses carros para saber se já foram feitas ocorrências.

"Já existem ocorrências relacionadas a esse problema e já comunicamos a prefeitura, a qual compete a retirada das carcaças. Nosso serviço de inteligência está fazendo levantamento para saber de onde é a quadrilha que atua na restinga".

A Prefeitura de Maricá não se pronunciou a respeito.

À caminho da educação

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A histórica comunidade de pescadores é carente de serviços básicos. Para estudar, as crianças precisam se deslocar para Barra de Maricá, desde que a escola do bairro foi fechada pelo estado há alguns anos. No início de 2009, a unidade foi municipalizada, mas por enquanto só tem aulas para turmas de 1° e 2° anos primários.

O caminho até a escola mais próxima é dificultado pela falta de transporte. Como não existe linha de ônibus que ligue Zacarias aos outros bairros da cidade, as crianças caminham cerca de 3 quilômetros. Para evitar o sacrifício, os pais do estudante Victor Moura, de 11 anos, contrataram um carro de aluguel.

“Pago R$ 50 por mês porque não quero que meu filho perca aulas. Mas essa é uma despesa que poderia ser evitada. Moramos ao lado de uma escola que o meu filho não pode usar”, disse Vanez Soares, pai do estudante.

Outras soluções foram improvisadas pela população. Andar de táxi no local não é luxo, é necessidade. Percebendo a precariedade do serviço de transporte, taxistas adequaram seus veículos para fazer ‘lotadas’. Eles cobram R$ 2 por pessoa e fazem o trajeto de Zacarias ao Centro.

“Os ônibus levam cerca de duas horas para passar na estrada. Depois de caminhar tanto até o ponto, ainda temos que esperar embaixo de sol e chuva. Os táxis passam de cinco em cinco minutos. Já acostumamos a andar neles”, relata o morador Cristiano Marins Batista, 34 anos.

A Prefeitura de Maricá informou que não existe previsão para a formação de novas turmas e que este ano a unidade já sofreu avanço com a disponibilidade dessas vagas. Antes o local funcionava apenas com o projeto Curumim, que proporciona atividades socioeducativas para as crianças da comunidade.

Em relação ao transporte, a prefeitura declarou que está fazendo um estudo e conversando com a empresa Costa Leste sobre a possibilidade de remanejamento de uma linha para o local.

Você sabia?

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A população de Zacarias é basicamente composta por duas famílias. Quase todos os habitantes da colônia de pescadores possuem os sobrenomes Marins ou Costa. Como o parentesco entre os moradores é bem próximo, é comum o casamento entre primos. A comerciante Dalva Vieira Marins é casada com Luís Carlos José de Marins, seu primo de 2º grau.

"Antes da construção da ponte do Boqueirão, Zacarias era quase isolado de tudo. Não tínhamos a facilidade de ir para outros lugares. Os únicos encontros aconteciam nas ladainhas (rezas) ou nos enterros. Eu conheci meu marido na igreja e depois descobri que ele era meu primo", contou.

A dona de casa, Romilda de Marins, de 70 anos, confirma a tendência. "Meu filho e minha nora também são primos. Não acho isso bonito, mas não sei se as pessoas daqui têm outras opções", brincou.

Bazar do blog "Hoje Vou Assim Off"


Texto divulgação

A designer Ana Carolina Soares criou o blog de moda Hoje Vou Assim Off como paródia do blog de Cris Guerra, o Hoje Vou Assim.

"Cris se fotografa mostrando roupas grifadas. Eu também me fotografo, mas exibo looks montados em pontas-de-estoque e em liquidações", conta.

Depois de bazares virtuais com amigas blogueiras, Ana resolveu juntá-las ao vivo e em cores no Bazar Hoje Vou Assim Off. Foram selecionadas peças de roupas novas e seminovas de marcas como Cavalera e Fause Haten, com preços a partir de R$ 20. Também participarão grifes de Minas Gerais, São Paulo e Rio, em um ambiente descontraído com música e bate-papo.

"Seria inicialmente em uma casa de Santa Teresa, mas a procura foi tão grande que transferimos para um local maior. Vai dar pra se vestir bem gastando pouco", comenta Ana.

O bazar será neste sábado (28/03), das 14 às 21h, na Casa de Cultura Hombu, localizada na Avenida Mem de Sá, 33, na Lapa, centro do Rio. O valor da entrada é uma lata de leite em pó ou roupas para serem doadas a instituições de caridade.

link do blog:www.hojevouassimoff.blogspot.com

Quem se lembra das vítimas do derramamento de óleo?

Quase quatro anos depois do derramamento de óleo diesel, no bairro de Porto das Caixas, em Itaboraí, provocado pelo descarrilamento de um trem da Ferrovia Centro Atlântica S.A. (FCA), subsidiária da Vale, os moradores do local foram intimados para perícia médica. Eles ainda brigam na justiça para receber indenizações que compensem os danos provocados à saúde.

Sempre que chove na região, os vestígios de óleo escondidos sob o cimento doado pela empresa, voltam à superfície e provocam o mau cheiro. O odor não é o único problema, como explica o coordenador da secretaria de saúde e meio ambiente do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindpetro-RJ), Brayer Grudka Lira.

“Em casos de contato do óleo com o solo, toda a terra deve ser retirada. Jogar cimento em cima não resolve. O óleo permanece ali e as pessoas continuam expostas à intoxicação. Os derivados do petróleo podem possuir benzeno em sua fórmula, essa substância é cancerígena. Além disso, os moradores de Porto das Caixas vivem o risco de contrair doenças respiratórias e cardíacas ”, explicou.

A presidente da Associação de Moradores do Porto das Caixas vítimas do derramamento de óleo da Ferrovia Centro Atlântica, Maria Aparecida Silva e Castro, responsável pelo processo, contou que 106 famílias aguardam a sentença judicial. Ela, que também alega apresentar problemas de saúde, recusou-se a participar da perícia na última quinta-feira por não concordar com a decisão da justiça de suspender a ordem de pagamento de indenização, conquistada na última audiência.

Em novembro de 2005, o juiz da 1ª Vara Civil de Itaboraí antecipou parcialmente a sentença tutelar e determinou que a FCA arcasse com o tratamento de saúde das pessoas residentes na área atingida, comprovadamente integrantes da Associação e que tivessem perdido ou diminuído a capacidade de trabalho. A empresa deveria pagar provisoriamente um salário mínimo para cada vítima e, em caso de descumprimento, uma multa de R$ 5 mil diários. Mas, em maio de 2006, a instituição recorreu na 12ª Vara Cívil do Rio de Janeiro e conseguiu suspender a decisão.

A empresa FCA informou que tomou todas as providências, de acordo com a legislação, desde o início do caso. Ressaltou, que na época do acidente coletou amostras de água em diversos pontos da região indicados pelos órgãos ambientais e que no início de 2008 a Feema emitiu um laudo definitivo encerrando o monitoramento por não haver mais riscos ambientais. Ainda de acordo com a empresa, todas as exigências firmadas nos Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) vem sendo cupridas e que todas as ações da empresa são feitas com transparência.

João Buracão é sensação!

Família Panisset pede desculpas ao boneco
Por: Fernanda Pereira

Depois da decepção de não conhecer o João Buracão, maior celebridade do país na última semana, e do pesadelo de levar três beijos seguidos do apelido "bonequinha" da prefeita de São Gonçalo Aparecida Panisset, alguma diversão eu tinha que tirar da coletiva de imprensa realizada em seu gabinete na última sexta-feira. Qualquer criança no meu lugar teria chorado, diante daquele cabelo vermelho, da sobrancelha pintada e da blusa listrada(com todas cores). Eu mesma, já ultrapassando a segunda década de vida, só não chorei porque a minha geração foi acostumada com o Bozo.

O motivo da reunião sentou-se bem ao lado da Aparecida: o secretário municipal de saúde e irmão da prefeita, Márcio Panisset. Não exatamente ele, mas suas atitudes na última quarta-feira, diante de sua própria casa, no bairro do Gradim, em São Gonçalo. Os dois pretendiam explicar de forma cordial, a razão que o fez parar na 73ª DP (Neves), depois de se envolver em uma confusão com a equipe de reportagem do jornal "Extra". Afinal de contas, o caso teve repercussão nacional e fez até São Gonçalo entrar para o mapa do JN (a edição de quinta-feira comentou o caso).

Para quem não sabe, provavelmente porque estava isolado em alguma ilha deserta por aí, o fotógrafo Fabiano Rocha, acusa Márcio de tê-lo agredido, além de se apropriar de seu material, incluindo o famoso boneco João Buracão. Esse, eu tenho certeza, não preciso explicar quem é. Mas apenas para contextualizá-lo, vou contar sua história.

Um dia uma equipe do jornal foi fazer uma matéria sobre buracos e ao chegar ao local, deparou-se com essa figura carismática, sentada ingenuamente praticando seu esporte predileto: a pescaria em buracos da cidade. Desde então, ele foi promovido à personagem oficial de todas as matérias com esse tema. O público fascinado pelo seu poder político, começou a enviar cartas pedindo sua visita.

Centenas de correspondências começaram a chegar à redação do jornal, que passou a publicar a lista dos lugares que seriam beneficiados pela ilustre presença de Buracão. Antes mesmo de sua chegada, os buracos eram tapados. Algumas autoridades preocupadas tentaram inclusive pegar carona na popularidade de João. Até o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, dedicou um precioso tempo de sua agenda para recebê-lo. Que cena!

Mas, o Secretário Municipal de Saúde de São Gonçalo, Márcio Panisset, preferiu dar outro tipo de tratamento ao pobre militante defensor dos fracos e oprimidos e inimigo dos buracos entupidos (podre essa riminha!). Ele é acusado de "sequestrar" e decapitar o pobre do João. Por quê?

Bem, o texto enviado pela assessoria da prefeitura, convidando a imprensa para a coletiva (release), dizia que "ao ouvir um burburinho no portão da casa, onde mora, e perceber que lá havia um boneco, o qual desconhecia como personagem de um quadro de um dos maiores jornais do Brasil, o jornal 'Extra' (oh Jabá!), o secretário de saúde, realmente agiu de forma inesperada, pensando em se tratar de chacota com o seu nome e de sua família. Tal ação não teve intenção de silenciar a imprensa, pois não é do feitio do secretário esse tipo de atitude, mas quando descobriu que se tratava de jornalistas, o mal já estava feito".

O texto é desmentido pelo próprio durante a coletiva, quando ele diz: "Eu gostaria de pedir desculpas ao fotógrafo Fabiano Rocha, que eu conheço faz tempo e sei que é uma pessoa maravilhosa", entregando que sabia se tratar de uma equipe de reportagem. E acrescenta: "Eu conheço a Carol desde a época da minha campanha eleitoral", referindo-se a Anna Carolina Torres, jornalista envolvida na confusão (que só possui 20 e poucos anos e não 30 como os jornais disseram - só pra constar, coitada!).

O evento que o texto dizia ter por objetivo "acabar com o constrangimento e o mal entendido" e convidava "o personagem 'João Buracão' e sua equipe de jornalistas" foi sem dúvidas um dos momentos mais constrangedores para a família Panisset. A começar pelo bolo que Buracão deu nos dois. Ocupado com seu interminável trabalho pela cidade, João ignorou o convite. Mas o jornal tratou de enviar um debochado jornalista, Camilo Coelho, que figura!

Quando lhe perguntaram por que ele não trouxe o boneco, ele exclamou: "Ele está trabalhando!" E o mais incrível, todos se referiam a João o tempo todo, como se fosse uma pessoa. E a prefeita até disse: "Ele vai ter realmente trabalho em São Gonçalo, vocês vão achar muitos buracos", disparou antes de tentar justificar com a desculpa da falta de verbas.

Depois de um blá blá blá interminável da Aparecida Panisset, que chegou a pedir desculpas à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), mas não a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) - será que ela confundiu? - finalmente chegamos às explicações. Uma aula para mim, que farei monografia sobre gerenciamento de crise de imagem. Claro que, como um exemplo a NUNCA ser seguido.

Primeiro pela exposição gratuita da prefeita, já que apesar de irmã, não tinha nada a ver com o caso e que, talvez por medo de passar a palavra ao Márcio, ocupou quase todo o tempo da coletiva falando. Grande parte da história foi contada por ela, que nem presenciou o ocorrido. Em segundo lugar, pela falta de unidade, parecendo que os dois se quer conversaram antes de se exporem à furiosa imprensa.

Pra começar, o que o secretário fazia antes das cinco horas da tarde em casa, que não estava trabalhando? A prefeita contou que ele estava em uma reunião sobre assuntos de farmácia. O vídeo exibido no site do jornal "Extra", feito pela repórter multimídia Carol (que nunca larga sua digital), mostra Márcio de bermuda. Trajes nem um pouco apropriados, não?

Continuando... ela conta que mora com a mãe de 83 anos e que a idosa sofre, inclusive, de problemas de audição. Que quando precisa falar com a mãe pelo telefone, grita. Segundo ela, a mamãe Panisset estava em casa e poderia ter morrido com aquela confusão, pois foi a primeira a ouvir o barulho. "Mas ela não é surda?", pergunta o Camilo Coelho, repórter do Extra. A prefeita respondeu que o som deve ter sido "ensurdecedor"( é pra rir?). "Mas buracão é mudo", finaliza o jornalista.

Tentando acabar com o mal estar que se estabeleceu, eu perguntei ao secretário se ele também tinha ouvido o barulho. Mas quem me respondeu foi a prefeita: "Não". O Camilo intervem mais uma vez: "Não foi pra ele a pergunta?". E Márcio concorda: "Deixa eu falar, porque era eu que estava lá" (se eu fosse a Panisset, pedia pra ir ao banheiro e ia pra casa). Ele diz que ouviu e define o barulho como vozes (o texto da assessoria chamava de burburinhos, lembra?).

Márcio relata o acontecimento: "Ao chegar ao portão, a confusão já estava armada. Meus vizinhos disseram que os jornalistas tentaram pregar o boneco no portão da minha casa. Eu não vi. Todos nos conhecem e são nossos amigos, por isso se revoltaram com essa atitude. Eu me dirigi ao Fabiano e sugeri que a matéria fosse feita em outro lugar, já que na minha rua, não há buracos (pra lá não faltou verba). Cheguei a convidá-los para vir outro dia na prefeitura. Em nenhum momento houve contato físico".

"Não houve contato físico e o fotógrafo não te entregou o equipamento, como ele foi parar em sua posse, já que no vídeo você aparece entregando a máquina para a equipe?", eu perguntei. Ele alegou que seus vizinhos pegaram o equipamento e quando viu pegou de volta para entregar, mas o Fabiano se recusou a receber.

O Camilo perguntou por que ele "sequestrou" o boneco, mostrando a última foto tirada, onde João aparece na rua e não no portão da prefeita, como os vizinhos alegam. "Porque ele estava na passagem, eu só queria passar. Então levei ele pra um lugar reservado "(dentro da casa dele).

Em relação aos "capangas", que o jornal apontou como "agressores" de Buracão, Márcio chamou de amigos e afirmou não andar com seguranças. E o melhor da história: "O único que anda comigo é Gabriel. Quando saio, ele sai comigo; quando volto pra casa, ele volta comigo e quando vou dormir, ele dorme comigo", declarou o secretário. Acalmem-se, ele se refere ao anjo Gabriel.

Aliás, todo o tempo eles se apegam à religiosidade e à imagem de família cristã para conquistar o perdão dos envolvidos, o que inclui toda a imprensa, a qual se sensibiliza sempre que um colega é impedido de fazer seu trabalho. Digo mais, acho que toda a população se sente agredida, uma vez que ainda tememos o velho fantasma da censura, que assombrou os anos de ditadura.

Por fim, Márcio encerra pedindo perdão ("porque a bíblia não fala em desculpas, fala em perdão", palavras dele). E a prefeita faz o mesmo, acrescentando: "Só acho que também merecemos desculpas da sociedade, porque nossa casa é o descanso do guerreiro" (Mas o secretário ainda estava em horário de expediente).

Atenção às frases finais da prefeita: "Parabéns ao jornal 'Extra' pela criatividade e ao 'Tião Buracão' (ainda erra o nome do cara), pelo trabalho. Gostaríamos de recebê-lo em breve na prefeitura".

Camilo: "Tem que consultar a agenda, né prefeita?".
Panisset: "Sim, tenho que consultar a minha agenda".
Camilo: "Não! A agenda do Buracão, ele é muito ocupado!"

Pesquisa estuda depressão em adolescentes

Sentir-se muito triste ultimamente, chorar mais do que o de costume, não ter energia suficiente para cumprir as obrigações, ter dificuldades para realizar com satisfação
atividades diárias e já ter pensado em suicídio. Um ou alguns desses sintomas foram detectados em 10% dos 1.923 alunos de escolas públicas e particulares de São Gonçalo, pesquisados pela Fundação Oswaldo Cruz e pelo Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves).


O estudo tinha por objetivo detectar sintomas de depressão em adolescentes entre 11 e 19 anos, matriculados na sétima e oitava séries do Ensino Fundamental e no primeiro e segundo ano do Ensino Médio. A pesquisadora e psicóloga, Cristiane Avanci, explicou que a cidade foi escolhida por ser o segundo maior município do estado em população e por ter alta vulnerabilidade em termos de violência. Ela falou sobre a importância do projeto.

“A fase da adolescência é muito propícia para o aparecimento de sintomas depressivos, por uma série de fatores. Os adolescentes estão em fase de mudanças e construindo sua personalidade. A relação com os pais, às vezes se torna mais distante e difícil. O problema é que se os sintomas não forem estudados e tratados, transpassam para a fase adulta, quando podem ter conseqüências ainda mais graves”, disse.

A relação com os pais pode influenciar mais no desenvolvimento da depressão do que se imagina. As amostras revelam que filhos de pais separados têm 73% mais chances de apresentarem os sintomas do que os que nunca passaram pela experiência. Ainda analisando o âmbito familiar, são mais propícios a serem depressivos, adolescentes que já foram vítimas de violência ou já presenciaram esses atos entre os pais.

Sexo feminino mais vulnerável - Outro dado importante é que 13% das meninas estudadas estão no grupo de vítimas da doença. A pesquisadora acrescenta ainda que elas têm mais que o dobro de chances de apresentar sintomas depressivos do que os meninos. A aceleração da puberdade, a prematuridade para a vida social, fatores endócrinos e um comportamento mais passivo seriam algumas das razões para a diferença.

Cuidado - A psicóloga Joviana diz que é possível que os sintomas sejam identificados pelos próprios pais. “Os pais precisam estar mais atentos. Se os filhos não apresentam prazer em sair com os amigos, desempenho ruim na escola ou têm dificuldade de se relacionar com as pessoas é aconselhável que a criança ou adolescente visite um profissional”, alerta.

Vamos ver quantas eu acerto?

Há pouco tempo fiz uma matéria sobre cartomantes, videntes, sensitivos e coisas do gênero. Percebi então, que mesmo sem entrarem em um consenso sobre a origem desse poder tão extraordinário da adivinhação e de mudar o destino das pessoas, tais criaturas desenvolvem uma atividade muito lucrativa. Como a atividade jornalística não me oferece muita satisfação financeira, resolvi entrar para o ramo. Alguém se opõe?

Nessa época é muito comum essas figuras aparecerem, cheias de pompa, dizendo ter nas mãos o futuro de todos e os maiores acontecimentos que se darão no ano seguinte. Pois bem, acho que essa é a minha chance. Mas tenham calma, esse não é um trabalho fácil e exige muita concentração. "Oooommm".

Surgiu...A minha primeira visão diz que catástofres climáticas acontecerão em 2009. Só não consigo ver onde e nem como. Pode ser tremor, ondas gigantes, congelamentos ou descongelamentos de regiões quentes ou frias...Não exijam muito, sou iniciante.

Nossa, tô ficando boa nisso... já consigo ver a próxima... uma importante autoridade vai morrer. Estranho, minha visão embaça logo em cima do nome do cidadão. Espera...talvez eu consiga ver o seu cargo... não... a outra visão está na frente. Sou ainda amadora, não consigo organizá-las. Passemos então para próxima.

Ah sim, essa é boa... uma estrela da TV vai engravidar. O pai? Bem, como eu vou saber?... é possível que nem ela saiba! Ih...espera! Falando em TV, eu tenho outra... Celebridades instantâneas marcarão presença em 2009, provavelmente no período de gravação do BBB. Viu como sou boa, nessa eu sei até quando vai acontecer.

Já sei o que estão pensando... por que ela não acerta os números da loteria? Meu poder ainda é muito bruto, é preciso tempo para lapidar. O máximo que posso fazer é dar um palpite do jogo de bicho. Peraí... concentração... ooooom... BURRO!Foi a primeira coisa que pensei!

Para facilitar gostaria de deixar claro que todas essas coisas devem acontecer entre 01 de janeiro e 31 de dezembro de 2009. Como a minha área de cobertura de previsões é ampla, pode ser que ocorram em qualquer parte do globo.

Os amigos interessados em um mapa astral podem enviar e-mail, mas antes de mais nada, depositem o pagamento na conta. Para evitar processos de propaganda enganosa, aviso previamente, a astrologia não é ciência exata e pode ser que seu destino te reserve surpresaaaas!!

Contradições da política gonçalense

O assunto a seguir foi a inspiração para que eu me rendesse à moda dos blogs, tendência do jornalismo a qual eu resisti um pouco. Mas de que outra forma eu poderia chamar a atenção de algumas pessoas para a contradição entre o discurso de posse da Prefeita reeleita de São Gonçalo, Aparecida Panisset, e suas primeiras atitudes no início do novo mandato? Duas matérias publicadas em dias seguidos, no mesmo jornal, mostram a discrepância entre suas palavras e suas ações. Um evidente desrespeito a inteligência dos que a escolheram, mais uma vez, para administrar a cidade.

"Reduzimos as secretarias e fizemos mudanças. Amanhã (03/11), começarei a anunciar novos secretários. Tive que reduzir as pastas. Apesar de termos fechados o ano com R$ 30 milhões em caixa a crise econômica pode vir a afetar a folha. Aproveitamos também a necessidade de exonerar os funcionários pela determinação da justiça, e acabamos com os parentes na administração. A partir de janeiro, nenhum parente poderá estar nomeado. Vamos acabar com o nepotismo".¹

No dia seguinte, a líder do executivo gonçalense anuncia o seu secretariado:

"A perfeita (Aparecida Panisset) criou uma nova secretaria, de Desenvolvimento Regional, e chamou para o comando Marilena Panisset da Costa."²

Para os que desconhecem, o sobrenome não é coincidência. A secretária nomeada para a nova pasta é irmã da Aparecida. Vale lembrar, que seu irmão, Márcio Panisset é secretário municipal de saúde desde o seu primeiro mandato. A promessa de enxugar o número de secretarias também não foi cumprida.

A determinação da justiça a qual a prefeita se refere como motivo para acabar com parentes na administração pública, foi aplicada pelo Supremo Tribunal Federal ano passado . O texto da decisão não considera nepotismo a presença de familiares em secretarias, mas francamente Prefeita, não seria melhor não ter tocado no assunto?

*1-Grilo, B. ‘As obras vão continuar’:Panisset afirma que novo mandato terá ênfase na infra-estrutura dê S. Gonçalo. Jornal “O São Gonçalo”, São Gonçalo-RJ, n°14.801,pág.2, 02 de janeiro de 2009.*1-Grilo, B. Caras novas no governo:Segundo mandato de Panisset começa com mudanças em secretarias. Jornal “O São Gonçalo”, São Gonçalo-RJ, n°14.802, pág.2, 03 de janeiro de 2009.

Apresentação

Olá, meus amigos...

Sim, porque se estão aqui, vocês são grandes amigos. Considero, portanto, desnecessária uma apresentação formal. Mas para seguir o protocolo: meu nome é Fernanda Pereira, sou estudante do último ano de jornalismo na Universidade Candido Mendes. Trabalho em um jornal local da cidade de São Gonçalo e, por esse motivo, é possível que o conteúdo desse blog esteja, muitas vezes, ligado aos acontecimentos desse município. Mas não é esse o objetivo.

A intenção, como o próprio nome (um pouco clichê, eu confesso) sugere, é desopilar o fígado. Isso mesmo, quantas vezes sentimos a profunda angústia por não poder opinar sobre determinado fato? Por nos sentirmos sem voz? Acreditem, isso não muda quando se é jornalista. Nós somos os pobres coitados que sabemos e não podemos dizer. É cruel não poder criticar sua própria obra.

Cansados desse texto frio, que muito fala e nada diz, nós encontramos os blogs como veículos para desabafar. Então na hora de postar, aconselho que pensem na música imortalizada na voz da cantora Cláudia. "Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso dessa vida. Preciso demais desabafar."