Sentir-se muito triste ultimamente, chorar mais do que o de costume, não ter energia suficiente para cumprir as obrigações, ter dificuldades para realizar com satisfação
atividades diárias e já ter pensado em suicídio. Um ou alguns desses sintomas foram detectados em 10% dos 1.923 alunos de escolas públicas e particulares de São Gonçalo, pesquisados pela Fundação Oswaldo Cruz e pelo Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves).
O estudo tinha por objetivo detectar sintomas de depressão em adolescentes entre 11 e 19 anos, matriculados na sétima e oitava séries do Ensino Fundamental e no primeiro e segundo ano do Ensino Médio. A pesquisadora e psicóloga, Cristiane Avanci, explicou que a cidade foi escolhida por ser o segundo maior município do estado em população e por ter alta vulnerabilidade em termos de violência. Ela falou sobre a importância do projeto.
“A fase da adolescência é muito propícia para o aparecimento de sintomas depressivos, por uma série de fatores. Os adolescentes estão em fase de mudanças e construindo sua personalidade. A relação com os pais, às vezes se torna mais distante e difícil. O problema é que se os sintomas não forem estudados e tratados, transpassam para a fase adulta, quando podem ter conseqüências ainda mais graves”, disse.
A relação com os pais pode influenciar mais no desenvolvimento da depressão do que se imagina. As amostras revelam que filhos de pais separados têm 73% mais chances de apresentarem os sintomas do que os que nunca passaram pela experiência. Ainda analisando o âmbito familiar, são mais propícios a serem depressivos, adolescentes que já foram vítimas de violência ou já presenciaram esses atos entre os pais.
Sexo feminino mais vulnerável - Outro dado importante é que 13% das meninas estudadas estão no grupo de vítimas da doença. A pesquisadora acrescenta ainda que elas têm mais que o dobro de chances de apresentar sintomas depressivos do que os meninos. A aceleração da puberdade, a prematuridade para a vida social, fatores endócrinos e um comportamento mais passivo seriam algumas das razões para a diferença.
Cuidado - A psicóloga Joviana diz que é possível que os sintomas sejam identificados pelos próprios pais. “Os pais precisam estar mais atentos. Se os filhos não apresentam prazer em sair com os amigos, desempenho ruim na escola ou têm dificuldade de se relacionar com as pessoas é aconselhável que a criança ou adolescente visite um profissional”, alerta.